BBB24: Wanessa Camargo e a insistência de achar que Davi merece apenas migalhas

Cantora reflete aquela máxima racista que estabelece até onde a pessoa negra pode ir

Mais uma vez, Davi foi o foco das falas maldosas de vários participantes do BBB24. O brother atendeu o Big Fone, ficou imune e colocou uma pulseira vermelha em nove pessoas. Isso foi o suficiente para a obsessão por ele aflorar pela milésima vez.

Apesar da confusão não ter se estendido por muito tempo, as conversas em relação a ela perduraram por horas e horas. Dentre esses comentários, Wanessa Camargo voltou a falar que “ele já conseguiu a faculdade [que ele queria]! O que ele AINDA está fazendo aqui?”. Aparentemente para pessoas como Davi, a migalha é suficiente.

Não por coincidência, foi a própria Wanessa que escolheu o Davi para dar a bolsa de estudos e ajudá-lo a realizar o seu sonho de ser médico, durante uma dinâmica do programa. A mesma Wanessa que, como já dito, tem muitas horas falando mal do Davi dentro do programa. E é mal mesmo. A sister já chegou a insinuar que o Davi faria coisas incoerentes com colegas de trabalho em uma situação de desespero. O que ela quis dizer com isso eu não sei, mas, com certeza, não foi coisa boa. Ou seja, ela, mesmo tendo uma péssima relação com o brother, o escolheu e agora vira e mexe questiona o que ele ainda faz no reality.

Isso não é raridade dentro da sociedade que vivemos. Diariamente, vemos pessoas negras e pobres sendo questionadas sobre seus sonhos e desejos. Sendo desestimuladas a alçarem voos maiores, afinal já conseguiram muito.

Isso se aplica de várias maneiras, mas a mensagem é sempre a mesma: “fulano está querendo demais”. Esse tipo de discurso, na maioria das vezes, vem de pessoas já abastadas que não veem outra dignidade nos sonhos que almejam.

O que eu sinto, por vezes, é que pessoas como Wanessa não sabem lidar com pessoas pretas de igual para igual. Pessoas que se surpreendem quando nós não abaixamos a cabeça para elas e as respondemos no mesmo patamar. Talvez por sempre lidar com pessoas negras em situação de subalternidade, servindo, enaltecendo e bajulando.

Muito provável não passa, nem de longe, pela cabeça da Wanessa Camargo que Davi é o favorito. Ela não consegue enxergar coerência naquele corpo. Porque, na mente dela, talvez, qualquer pessoa preta que se porte de maneira assertiva e sem abaixar a cabeça é soberba e ingrata.

De maneira muito torta, ela está seguindo a lógica de anos desse programa, né? Porque a quantidade de pessoas negras que já passaram pelo programa que eram assertivas, jogadoras e coerentes e foram lidas pelo público como raivosas, ignorantes e prepotentes não está escrito!

Fato é que Wanessa é mais uma pessoas totalmente absorvida pelo ideal racista que pavimentam as relações do nosso país. Com o agravante de ser famosa e rica. Lembremos que o próprio Davi já foi chamado por Rodriguinho, outro camarote, de um “baiano comum”. Se Rodrigo, que também é um cara negro, de altos e baixos na carreira, que até alugueis para ele Thiaguinho já pagou, a prepotência chega nesse nível, o que dirá uma mulher branca, herdeira, que ainda foi casada com um dos caras mais ricos do país?

Esses artistas buscam coach de diversidade para entrar no programa (até onde sei não foi o caso da Wanessa), mas esquecem do mais importante que é o dia a dia. Fazer o exercício de desconstrução por vontade e não por medo de cancelamento. Parar de dizer que a empregada é como se fosse da família para justificar exploração e passar a valorizar o trabalho dela com dinheiro e respeito.

A verdade é que se alguém deveria não estar lá, é ela, Wanessa. Porque, se ele com uma bolsa de estudo, já tem, na cabeça dela, o suficiente para sair do BBB, ela que é rica está fazendo o que lá? Porque para ela, já rica, o prêmio de três milhões de reais é importante e para um cara pobre não é? Será que ela não enxerga no corpo do Davi o merecimento de três milhões de reais? Caso não, qual seria a cor de quem merece o reconhecimento, fama e dinheiro? Questões ficarão sem resposta até a saída da cantora do programa com uma rejeição a altura dos seus equívocos.


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